Quando havia tempo, plantei demoras
Na leva de dentro, escolhi o fora
Mas os frutos que da ceifa colhi
Ah, esses, entressafados, perdi.
Inédito
No começo, a casa vazia:
O café que ninguém fazia,
A menina acuada ao medo
Coado no cedo do dia.
No almoço, a casa tremia:
Fantasmas que só a moça via
De fome, ao moço devorava
De brava, a sopa dava azia.
À janta, a mulher cedeu
A manta que erguia o breu.
Na casa, se deu família
E as almas tornaram-se filhas.
E hoje, a jovem senhora
À ceia, vagando sem hora,
Anseia o espírito de agora
No seio da casa vazia.
Sandra N. Flanzer, inédito